ANPG: Três anos depois, mudança para sede do antigo Banco Económico permanece em suspenso
A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) continua sem concretizar a sua transferência para o emblemático edifício do antigo Banco Económico, no coração de Luanda, numa operação que já consumiu cerca de 130 milhões de dólares americanos dos cofres do Estado angolano.
Este processo, que simboliza os desafios da gestão pública nacional, revela as complexidades inerentes à modernização das instituições estratégicas do país, particularmente no sector petrolífero que constitui a espinha dorsal da economia angolana.
Um investimento de dimensão nacional
O negócio, tornado público em março de 2023, previa inicialmente uma transição célere para o final daquele ano. Contudo, a realidade demonstrou-se mais complexa, evidenciando os desafios estruturais que Angola enfrenta na execução de projetos de grande envergadura.
A aquisição foi oficializada por despacho de 7 de junho de 2023, estabelecendo o valor de compra em 100 milhões de dólares. Esta transação representou um balão de oxigénio fundamental para o Banco Económico, que atravessava dificuldades financeiras significativas, demonstrando como as decisões estratégicas do Estado podem ter impactos múltiplos na economia nacional.
O investimento total já ultrapassa os 130 milhões de dólares, incluindo 14,94 milhões autorizados em abril de 2024 para modernização tecnológica e mais 15 milhões em julho para atualização do sistema de climatização, investimentos essenciais para um edifício inaugurado em 2012.
Desafios da execução institucional
Segundo fontes próximas do processo, os custos adicionais estimam-se em mais 35 milhões de dólares, elevando o investimento total para cerca de 165 milhões. Esta situação expõe as dificuldades de coordenação e execução que caracterizam frequentemente os grandes projetos públicos em Angola.
O edifício, localizado numa zona premium de Luanda com 20.000 metros quadrados, permanece vazio, apresentando um aspeto abandonado que contrasta com o seu valor estratégico e simbólico para a capital angolana.
Perspetivas para o futuro
A ANPG confirma que, na melhor das hipóteses, a mudança poderá iniciar-se apenas no final do primeiro trimestre de 2026, três anos após as previsões iniciais. Este atraso, embora frustrante, reflete os desafios reais da modernização institucional num país que continua a construir as suas capacidades administrativas e técnicas.
Para além das questões operacionais, este processo ilustra a determinação do Estado angolano em preservar património arquitetónico significativo e em modernizar as suas instituições estratégicas, particularmente aquelas ligadas ao sector petrolífero que sustenta a economia nacional.
A situação da ANPG espelha os desafios mais amplos que Angola enfrenta na sua caminhada de desenvolvimento e modernização institucional, requerendo soluções que equilibrem ambição e pragmatismo na gestão dos recursos nacionais.