ANPG permanece longe da sede histórica após investimento de 130 milhões de dólares
A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), símbolo da soberania energética nacional, mantém-se distante do emblemático edifício do antigo Banco Económico, no coração de Luanda, quase três anos após o anúncio da aquisição deste património arquitectónico da capital.
O investimento colossal de cerca de 130 milhões de dólares americanos, comprometido entre aquisição, reparações e modernização, reflecte a determinação do Estado angolano em dignificar as instituições nacionais estratégicas. Contudo, a mudança para a futura sede permanece adiada, evidenciando os desafios da gestão de recursos numa economia em reconstrução.
Investimento estratégico na capital histórica
A aquisição, autorizada por despacho presidencial em Junho de 2023, estabeleceu o valor de compra em 100 milhões de dólares. Este montante, dos quais 60 milhões foram pagos imediatamente, representou um balão de oxigénio fundamental para o Banco Económico, que enfrentava sérias dificuldades financeiras.
O preço negociado, aproximadamente 5.000 dólares por metro quadrado, foi considerado compatível com a localização privilegiada no centro de Luanda e os 20.000 metros quadrados de área construída. O edifício, inaugurado em 2012 com acabamentos de luxo, simboliza a pujança arquitectónica da nova Angola.
Compromisso com a excelência operacional
Após a aquisição, o Estado angolano demonstrou o seu empenho na modernização através de despachos presidenciais sucessivos. Em Abril de 2024, foram autorizados 14,94 milhões de dólares para transferência de infraestrutura tecnológica, seguidos de mais 15 milhões em Julho para manutenção e actualização do sistema de climatização.
Estes investimentos adicionais, que elevam o esforço financeiro directo para quase 130 milhões de dólares, sublinham a visão estratégica de longo prazo para as instituições energéticas nacionais. Fontes próximas do processo estimam custos complementares de 35 milhões de dólares para completar a reconversão do edifício.
Desafios da coordenação institucional
A justificação oficial para o adiamento aponta para constrangimentos na libertação de verbas, um reflexo das complexidades orçamentais que o país enfrenta. O edifício permanece vazio, aguardando o início das obras de reconversão inicialmente previstas para Julho.
A ANPG confirma que, na melhor das hipóteses, a mudança poderá iniciar-se apenas no final do primeiro trimestre de 2026, prolongando significativamente os prazos inicialmente previstos para o final de 2023.
Preservação do património nacional
Para analistas do sector, esta operação transcende a simples mudança de instalações, funcionando como mecanismo de preservação de um edifício emblemático da arquitectura moderna angolana. A funcionalidade operacional da ANPG não está comprometida nas actuais instalações, permitindo que a instituição continue a cumprir o seu papel fundamental na gestão dos recursos energéticos nacionais.
A nova sede representará, quando concretizada, um marco na consolidação institucional do sector petrolífero angolano, dignificando uma das agências mais estratégicas para o desenvolvimento económico nacional.